Estudantes, pesquisadores ou leitores comuns interessados em
informações sobre publicações de seus poetas favoritos têm agora uma
fonte de consulta. Está na internet desde agosto o site Poesia Traduzida
no Brasil. A iniciativa de criação do catálogo é de Marlova Aseff,
pós-doutoranda do programa de Literatura da Universidade de Brasília
(UnB). O projeto teve apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (Capes).
O site reúne obras de poesia traduzida publicadas no país entre 1960 e
2009, informando dados como autor, tradutor, língua original, editora,
ano da primeira edição e período literário. Marlova explica que,
dependendo do caso, pode haver informações adicionais. “Algumas [obras]
têm um link para material externo. Dá para ler a resenha [sobre o livro]
e às vezes até algum poema. Tem também o perfil dos tradutores. Fiz
mais de 100 [perfis]. Se existir o perfil, estará linkado à ficha do
livro”.
A utilidade do projeto é principalmente acadêmica. Acessando a página,
que permite filtrar os dados conforme o objetivo do internauta, os
pesquisadores da área conseguem saber, por exemplo, quais as línguas
mais traduzidas em cada período da história literária brasileira ou
verificar se a publicação de poesia cresceu ou diminuiu em um
determinado recorte de tempo.
Segundo Marlova, o catálogo permitiu constatar que entre as décadas de
1960 e 2000 a publicação de poesia traduzida cresceu de forma contínua
no país. “Subiu mais de 400%. A exceção é a década de 70, quando houve
uma pequena queda”, informa. Com relação às línguas, na década de 2000,
as mais traduzidas foram obras em inglês, espanhol, francês e alemão.
Outro dado interessante é que grande parte dos tradutores de poesia é
de autores brasileiros. Entre eles Paulo Leminski, Augusto de Campos e
Ferreira Gullar, por exemplo.
Marlova Aseff conta que, embora o site tenha sido criado com o
propósito de facilitar a pesquisa na área, ele também atraiu outros
públicos. “Eu fiz mais para pesquisadores e estudantes. Mas estou vendo
que tem um interesse grande pelo público em geral. No primeiro mês,
houve mais de 7 mil visitantes únicos. Depois se manteve em uma média de
mil por mês. Pelo compartilhamento no Facebook, vejo que muita gente
tem interesse”, comenta. Desde que entrou no ar em agosto, o catálogo
teve 11 mil visitantes únicos.
A produção do catálogo começou a ganhar forma quando Marlova cursava o
doutorado. “Fiz meu doutorado sobre poetas tradutores e comecei a
catalogar. Fiquei com essa bibliografia e fiz o projeto de pós-doutorado
me propondo a revisar e expandir”, explica a pesquisadora, que é
doutora em literatura e em estudos da tradução pela Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC). Atualmente, ela quer ampliar a base de dados
do site, mas ainda não sabe quando será possível.
“Eu queria incluir obras dos anos 30, 40, 50. Nos anos 30 é que começa a
indústria da tradução no Brasil. Também queria fazer de 2009 para cá, o
pouquinho que falta. Tem perspectiva [de fazer esses acréscimos] mas de
maneira lenta, pois estou trabalhando sozinha. O ideal seria prosseguir
com uma equipe. Meu pós-doutorado acaba em março, eu teria que
conseguir algum outro apoio”, afirma a pesquisadora. Hoje, o site tem
mais de 600 inserções bibliográficas.
Na avaliação de Marlova, os leitores estão começando a notar e
valorizar as boas traduções. “Os estudos da tradução estão crescendo
muito no Brasil nos últimos anos. No meio em que eu transito, está
começando a despertar bastante essa consciência. Claro que não é algo
massificado”, disse.
Por Agência Brasil
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