terça-feira, 13 de março de 2018

PRIORIDADE PARA O ABASTECIMENTO HUMANO, DIZ CHESF SOBRE CRISE NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO


A geração de energia pelas usinas hidrelétricas da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco foi reduzida nos últimos cinco anos em até 71% devido à crise na Bacia Hidrográfica do Velho Chico. “A prioridade vem sendo o abastecimento humano”, disse João Henrique Franklin, diretor de Operação da Chesf, em palestra realizada no Workshop de Energia, realizado pela Fiesp, em São Paulo, no último dia 7.

Atualmente as hidrelétricas estão atendendo apenas 15% da carga do Nordeste. Não há, entretanto, risco de desabastecimento energético, por conta da geração térmica, eólica e o intercâmbio de energia com outras regiões pelo Sistema Interligado Nacional. A Chesf tem nove usinas no Rio São Francisco.

A redução da vazão do Rio São Francisco tem sido debatida pela população, principalmente com as gradativas reduções no volume de água liberada a partir do Reservatório de Sobradinho (BA). A vazão mínima, até 2013, era de 1.300 metros cúbicos por segundo (m³/s) e, atualmente, é de 550 m³/s. O Rio São Francisco atravessa o sertão nordestino e é utilizado para o abastecimento humano, geração de energia elétrica, irrigação, piscicultura, turismo e navegação.

O Reservatório Sobradinho, no último dia 7, estava com 23,6% de volume útil, apresentando sensível melhora nas últimas semanas – em fevereiro, chegou a 13%. Não há previsão de aumento de vazão, embora tenha havido chuvas no Rio São Francisco nas últimas semanas.

Com a crise hídrica, a Chesf passou a assumir cada vez mais obrigações que não estavam anteriormente previstas e não são remuneradas. O diretor afirmou que cada redução de vazão é concedida a partir de uma série de condicionantes ambientais que não têm cobertura de receita e ainda geram demandas judiciais por parte de múltiplos usuários do rio.

“A maioria das usinas da Chesf tiveram seu regime comercial alterado para cotas em 2013. Dessa forma, a receita desses empreendimentos é suficiente apenas para operar e manter as turbinas funcionando”, declarou Franklin. Ele acrescentou que a Companhia vem absorvendo competências, com custos associados, que não estão contemplados na sua receita, acrescentou.


A Chesf solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que a Receita Anual de Geração (RAG) contemple também os custos relacionais a melhoria e às exigências ambientais por conta da crise.

“A prioridade do Rio São Francisco não vem sendo a geração de energia, mas o abastecimento humano, os usos múltiplos da água. É importante que esse caminho que está sendo construído respeite as outorgas concedidas”, disse Franklin.

Redação PA4.com.br

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