Instado a falar sobre reforma ministerial numa entrevista ao Globo, o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) condicionou a velocidade da substituição dos ministros que serão candidatos em 2018 à conveniência de cada um. “O tempo na política não é definido nem pelo calendário e nem pelo relógio”, declarou, antes de emendar a seguinte analogia: “Há pessoas que têm mais traquejo, mais presença, mais experiência. Como dizia um amigo meu, está rodando bolsinha na rua há muitos anos e, portanto, tem mais facilidade. Do ponto de vista eleitoral, evidentemente, aqueles que não têm experiência precisam de mais tempo para organizar suas candidaturas.”
Embora não deva ser repetida na frente das crianças, a frase do ministro combina muito com o atual momento da política brasileira —uma fase, por assim dizer, pornográfica, transcorrida nos baixios da natureza humana. Muita gente achava que a política era a segunda profissão mais antiga do mundo. Mas na era do ''tem que manter isso, viu?'' ela ficou muito parecida com a primeira.
Na mesma entrevista, Moreira Franco comentou a polêmica que seu colega Carlos Marun ateou nas manchetes. Responsável pela coordenação política do Planalto, Marun admitiu trocar empréstimos da Caixa Econômica Federal pelo apoio de governadores no esforço para a obtenção de votos a favor da reforma da Previdência no Congresso. Para Moreira, Marun fez apenas o que, em tempos remotos, os Césares e Lincoln já faziam:
“Se você vai a Roma, verá que, nessas negociações, sempre se fala na reciprocidade, no Império Romano. Se você ler o livro que gerou até um filme sobre o Abraham Lincoln, no fim da escravidão, vai ver que, respeitando as mudanças culturais da época, você vê negociações, que as pessoas conversam. Aí você vê com naturalidade que essas coisas ocorrem. Evidentemente que o método depende muito do temperamento. Eu creio que, no caso do ministro Marun, o excesso foi fruto de uma má interpretação.”
A certa altura, Moreira Franco disse meia dúzia de palavras sobre o comportamento do governo diante da maior operação anticorrupção da história. “Neste governo eu não vejo nenhuma manifestação objetiva, nenhuma atitude política, nenhuma atitude institucional do governo no sentido de inibir a atuação da Lava-Jato. Não vejo.”