Respirando poesias - Tony Xavier
Um Mar de Solidão
Autor: Tony Xavier - o poeta do povo
Sai de casa tão cedo
Demorei pra retornar
Confesso que tive medo
Ao vê aquele lugar,
Ali eu fiquei parado,
Sem forças, paralisado,
Na hora só fiz chorar.
Saí de lá pequenino
Em busca de melhorias
Mas como sou nordestino
Não vivo de fantasias.
Tentei um rumo encontrar,
Porém tive que voltar,
Mas nada mais existia.
Não encontrei mas espaço
Nem achei o meu lugar
A casa onde eu morei
Desapareceu de lá.
Vi somente um grande lago,
Que fez um grande estrago,
Não pude me conformar.
Fiquei sem rumo, perdido
Caminhei a tarde inteira
Procurei sem encontrar
Minha querida Barreiras.
Retornei de manhãzinha
Tentei achar a ruinha,
Onde existia a feira.
Vi somente a Igreja
No meio daquele mar
A ruinha de Barreiras
Não consegui encontrar.
Naquele barco vagando,
Com ás águas tremulando,
Não pude me controlar.
Remando sai sem rumo
Navegando para o nada
Não havia mas caminhos
Nem veredas ou estradas.
Me senti um passarinho,
Que perdera o seu ninho,
Numa grande enxurrada.
Eu gritei por meus amigos
Daquela comunidade
Nenhum deles respondia
Fui percebendo a verdade.
Naquele instante parei,
Não me contive e chorei,
Entendi a realidade.
Ás águas tomaram conta
Daquele belo torrão
Foi a maior das maldades
Com nossa população.
Me senti abandonado,
Pelo destino lançado,
Em um mar de solidão.
Onde estão os meus amigos
Lá da rua da mangueira?
Minhas músicas preferidas
Que eu ouvia lá na feira.
Não sei se estão ilhados,
Ou saíram assustados,
Todos juntos na carreira.
O que foi que aconteceu
Fiquei á me perguntar.
Pra onde foi todo mundo
Que não consigo encontrar.
E essa água de onde veio?
Tenho que encontrar um meio,
Dos meus amigos achar.
Preciso saber porque
Tudo isso aconteceu
Quem destruiu nossa terra
Onde o povo ali viveu.
Quem fez isso, fez maldade,
Sua consciência ainda arde
Nossa riqueza morreu
"Um Mar de Solidão"
Por Tony Xavier - O Poeta do povo