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Não existe verbete na Wikipédia sobre Doca Street. Morto nesta sexta (18) aos 86 anos, talvez agora ele ganhe uma página em seu nome nesta que é a maior enciclopédia colaborativa do mundo, onde só em português constam 1.049.371 artigos.
A menção mais relevante no site a Raul Fernando do Amaral Street, o nome completo de Doca, aparece na entrada que fala de Ângela Diniz, socialite mineira assassinada em 1976 com quatro tiros disparados pela arma - e pelas mãos - de Doca, na casa que o casal dividia na Praia dos Ossos, em Búzios (RJ).
Nada surpreendente. Afinal, desde que pôs um fim à existência de Ângela, Doca viu sua vida marcada e conectada ao crime que cometeu -ainda que, após seu primeiro julgamento, em 1979, ele tenha saído pela porta da frente do tribunal, ovacionado pelo público de Cabo Frio, também no litoral fluminense.
Foi só em 1981, após anulação do primeiro veredito a pedido do Ministério Público, que um novo júri montado para avaliar o caso acabou por condenar Doca. Declarado culpado, recebeu pena de 15 anos de prisão. Cumpriu três em regime fechado, dois no semiaberto, e dez em liberdade condicional.
A lacuna de três anos entre uma audiência e outra foi suficiente para que se erguesse e fortalecesse um movimento feminista que, com faixas e cartazes contra Doca, recepcionou-o em frente à corte, em busca de algo diferente da alegação de "legítima defesa da honra" usada pelos advogados no primeiro tribunal.