segunda-feira, 8 de maio de 2017

Petrolândia e suas árvores


Caraibeiras, algarobeiras e espirradeiras ladeiam a ponte de acesso a Petrolândia, na BR-316 (Fotos: Tony Xavier em 2014)
Algarobeiras convivem com nins e até um pé de mandacaru na Av. José Gomes de Avelar

Petrolândia, no Sertão de Pernambuco, é uma terra hospitaleira até para as árvores. Já no acesso à cidade, na BR-316, na ponte sobre o rio São Francisco é margeada por caraibeira, algarobeiras e os visitantes são recebidos ou se despedem da cidade com o alegre cor-de-rosa das espirradeiras floridas.

No largo da avenida José Gomes de Avelar, entre as Quadras 02 e 05, uma alta algarobeira sobrevive, sustentada por alguma fonte de água abundante no solo, enquanto as árvores nin, introduzidas há poucos anos na arborização da cidade, se integraram à paisagem. 

Juntos ao nins plantados em frente ao Bar Água na Boca, ainda se pode ver na foto um pé de mandacaru, legítimo representante da Caatinga, bioma original da região. 

ESPIRRADEIRA: BELA, EXÓTICA E TÓXICA

Foto: Raminhos Verdes Jardins - Plantas & Jardinagem

A espirradeira, Nerium oleander, da Família das Apocynaceae, é uma planta de origem Mediterrânea, mas cultivada em várias partes do mundo como ornamental. Também é conhecida como oleandro, flor-de-são-josé, loandro, loureiro-rosa, ou loandro-da-índia. É um arbusto que chega a 4 metros. Sua folhagem é densa e as flores róseas ou brancas de odor agradável.

É uma planta tóxica que possui glicosídios cardioativos, sendo os principais, a oleandrina e a neriina. Em humanos, a intoxicação leva a sintomas de náusea, vômito, cólicas e diarreia, cefaleia, tontura, sonolência, alterações na visão, delírios, e alterações cardiovasculares como queda de pressão arterial, arritmias, extrassístoles e morte por fibrilação ventricular, já que altera a condução elétrica do miocárdio. Uma folha pode ser suficiente para intoxicar uma pessoa, e doses de 15 a 20 gramas pode levar a óbito um bovino ou equino.

Em animais de criação, equinos, bovinos, ovinos, caprinos, ocorre a intoxicação acidental, quando se alimentam de partes da planta podadas e deixadas ao alcance, e que apesar de impalatáveis, mesmo uma pequena quantia ingerida pode levar à morte, ou quando os animais não são adequadamente alimentados e passando fome, ingerem grandes quantidades da planta.

Geralmente, o proprietário não observa sintomas, sendo somente definida uma morte súbita no animal de criação, visto que também não há sinais macroscópicos evidentes desta intoxicação à necropsia. Em estudos experimentais, os sintomas incluem sialorreia, bruxismo, tremores musculares, aumento de frequências cardíaca e respiratória, relutância em caminhar, queda e morte.

Podemos explicar tais sinais, pois os glicosídios cardiotônicos da espirradeira agem na bomba de Na (sódio) e K (potássio) dos músculos, fazendo com que o K saia das células e tenha maior concentração no sangue, o que decai a atividade elétrica dos músculos, principalmente do coração acarretando nas arritmias e parada cardíaca.

O tratamento se dá através de antiespasmódicos como atropina, anti-eméticos, protetores de mucosa, adsorvente intestinal, lavagens gástricas, e terapêutica para os transtornos cardiovasculares como anti-arrítmicos e cloreto de potássio, e desequilíbrios hidroeletrolíticos.

Portanto, devemos levar em conta o diagnóstico diferencial de morte súbita em animais também pela intoxicação pela espirradeira, já que é muito empregada como ornamental e cuidar para que as pessoas não a utilizem de forma indevida pelo seu alto potencial de toxicidade e morte.

Petrolândia em Foco
Fonte: Médica Veterinária Carolina Granconato de Abreu/Quintais Imortais

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