quinta-feira, 11 de junho de 2015

Brasil poderá ser laranja da China no Caribe


A Ferrovia Bioceânica foi incluída no pacote de concessões a pedido das autoridades chinesas que estiveram em Brasília recentemente. Ministros desconfiam que esse projeto possa ser usado pela China para pressionar a Nicarágua, onde há resistências ambientais e dificuldade de desapropriação de terras, a liberar a construção de um canal ligando o Mar do Caribe, no Atlântico, ao Oceano Pacífico. Ou seja, há risco de o Brasil acabar sendo usado como laranja.

Como foi um pedido da China, país que firmou acordos de cerca de US$ 50 bilhões com o Brasil no mês passado, a presidente Dilma Rousseff avaliou que não havia alternativa e colocou a obra no plano, com estimativa de custo de R$ 40 bilhões. No entanto, é preciso lembrar que, apesar de ser a nossa maior parceira comercial, a China já deixou de cumprir algumas promessas de investimento no Brasil.

O projeto da Bioceânica está sendo comparado ao Trem Bala (Rio-São Paulo), atualmente engavetado. Mas pode ser muito mais complexo. No caso do Trem Bala, o risco geológico de fazer túneis na Serra do Mar dificultava um dimensionamento financeiro do projeto. Imagine uma ferrovia que terá de passar pela Amazônia brasileira e peruana e ainda por túneis na Cordilheira dos Andes. É mais provável que sejam feitos estudos para avaliar se vale a pena fazer parte da ferrovia no trecho brasileiro para escoar soja pela hidrovia do rio Madeira.

Entretanto, o novo pacote de concessões lançado ontem pelo governo tem mais pontos positivos do que negativos. Tem um caráter mais pragmático do que o pacote de 2012, com maior chance de atrair investidores, o que pode ajudar a economia como um todo.

Foi recuperada para vários projetos a chamada outorga, regra que dá peso ao valor que a empresa paga para obter a concessão. O governo abandonou o modelo de exigir menor tarifa, que fez com que muitas empresas deixassem investimentos na gaveta.

As taxas de retorno serão detalhadas adiante, mas os ministros Nelson Barbosa, do Planejamento, e Joaquim Levy, da Fazenda, deixaram claro que seriam mais atraentes. Algumas obras serão feitas em concessão já realizadas, o que pode acelerar esses empreendimentos.

Por: Blog do Kennedy
BLOG DE TONY XAVIER 

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