Atribui-se
ao presidente americano Franklin Roosevelt (embora não haja nenhuma
prova de que a frase seja dele) a seguinte opinião sobre o ditador
nicaraguense Anastasio Somoza: "É um canalha, mas é canalha nosso".
Não
se assuste o caro leitor com as estranhas alianças políticas de
Brasília. Dilma despreza Renan, Renan não gosta de Dilma, mas neste
momento um é útil ao outro. O mesmo vale para Eduardo Cunha: os tucanos
não confiam dele, ele não crê nos tucanos, mas ambos estão firmemente
unidos pelo objetivo comum de enfraquecer o Governo (ou afastá-lo).
Michel Temer comanda o PMDB por seus defeitos, como a posição indefinida
em quase todos os assuntos, e não por suas virtudes - afinal, de que
interessa ao partido de Jader Barbalho ter em seus quadros um excelente
constitucionalista, professor de reconhecidos méritos? A propósito,
Jader é conhecidíssimo em todo o PMDB, mas só deixou de ser o
homem-forte do partido depois que foi apanhado naquele caso do ranário,
lembra? Não adianta mostrar aos políticos que seu aliado não presta:
eles sabem disso.
Os
comunistas tinham uma denominação específica para o adversário que,
naquele momento, poderia ajudá-los: era o "companheiro de viagem".
Terminada a viagem, alcançado o destino, era cada um por si, e pobres
dos vencidos.
Política
é a luta pelo poder, e aí vale tudo. Há quem diga que, na luta pelo
poder, há políticos que chegam até a falar a verdade. Digamos, pois, a
verdade: Roosevelt jamais chamou Somoza de canalha.
Referiu-se, sim, à senhora mãe dele.
Carlos Brickmann
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