terça-feira, 4 de agosto de 2015

Em jantar com Dilma, aliados só falam de Dirceu


Dilma Rousseff abriu as portas do Alvorada para os presidentes e líderes de partidos governistas na noite desta segunda-feira (3). Ofereceu-lhes um churrasco. A anfitriã evitou falar de José Dirceu. Tratou sobretudo de “responsabilidade fiscal”. Mas a volta do ex-chefão da Casa Civil para a cadeia foi o principal assunto das rodas que se formaram no palácio residencial.


Numa das rodas, ouviram-se muitas críticas ao juiz da Lava Jato. Avaliou-se que Sérgio Moro banalizou o instrumento da prisão cautelar. Na expressão de um senador, o magistrado “planta prisões para colher delações”. Um deputado fez piada: “Daqui a pouco o Xitãozinho vai procurar o doutor Sérgio Moro para propor um acordo de delação premiada contra o Xororó.”

Noutra roda, os comensais de Dilma concluíram que o alvo final dos membros da força-tarefa da Lava Jato é Lula, não Dirceu. Convenceram-se disso depois de assistir à entrevista coletiva sobre a fase 'Pixuleco' da Lava Jato. Estranharam o timbre utilizado pelo procurador da República Carlos Fernando Lima. Inquirido por um repórter sobre a possibilidade de Lula ser investigado, o doutor declarou:

“Nenhuma pessoa no regime republicano está isenta de ser investigado. Apenas pessoas com foro privilegiado devem ser investigadas perante o órgão com competência. No caso do ex-presidente, ele pode ser investigado pelo primeiro grau.”
Dilma encareceu aos presentes que pensem no Brasil antes de votar projetos que imponham novas despesas para um governo que precisa cortar gastos. Sem mencionar o nome de Eduardo Cunha, presidente da Câmara, Dilma disse a certa altura que deseja uma base de apoio corajosa, composta de parlamentares que não votem como “cordeirinhos enfileirados”.
Deve estar confusa a mente de Dilma. Lula pelo mandato, ao mesmo tempo que tem de cuidar da unidade dos seus aliados, muitos dos quais querem cargos e dinheiro. Talvez lhe doa a ideia de fazer o papel de uma rainha obscura numa peça confusa em que o personagem do penúltimo ato é um ex-líder estudantil que trocou o idealismo pela propina, e cujo epílogo pode ser um ex-sindicalista que alega ter ficado cego ao tornar-se presidente da República.
Via Blog do Josias de Souza

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