segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Percalços do jovem advogado


Na última semana de julho fui a uma colação de grau de novos bacharéis em Direito e lá foi possível ver o brilho e felicidade dos novos bacharéis, futuros advogados a sonhar com o sucesso profissional que se inicia. Recordei minha época acadêmica, onde sempre ouvia a seguinte frase: “O advogado é indispensável à administração da Justiça. Odiado ou amado, mas, sobretudo, deve ser respeitado.” 
Ao ver meus futuros colegas de profissão, senti por eles a dor da ausência de uma entidade de classe atuante que incentive e abra o caminho para a melhor inserção do jovem advogado no mercado de trabalho. Os recém-formados ao tentarem se inserir no mercado, em sua grande maioria, são levados a trabalhar em grandes escritórios, com muitas demandas, obrigação de metas e expediente diário superior a oito horas, onde sequer têm suas carteiras de trabalho assinadas, sendo contratados como supostos “associados”, numa forma vergonhosa de burlar a legislação trabalhista, com o qual a OAB-PE é conivente. 

Os jovens advogados sequer contam com um piso salarial, sendo, por muitas vezes, obrigados a se submeterem a condições degradantes de trabalho e honorários em valores. Aos jovens advogados de Pernambuco resta esbarrar nas incertezas e dificuldades existentes no começo do exercício da profissão, sem a crucial defesa das prerrogativas pelo órgão de classe. O papel da OAB-PE deve ser bem mais que cobrar anuidades exorbitantes, de servir de palanque político e fechar “parcerias” com empresas aéreas. Não vivemos na época do pão e circo. 
Não queremos esmolas. Queremos uma ordem atuante na realização de eventos voltados para a capacitação dos novos profissionais, com o desenvolvimento da prática forense, empenhada na melhoria das estruturas das salas de apoio ao advogado e na implementação de um piso salarial, com vigilância contínua para coibir os vilipêndios que hoje atinge a advocacia.
O que vemos atualmente na OAB-PE é o total descaso e falta de comprometimento de uma entidade que tem o dever de fiscalizar a concepção do profissional do direito pelas faculdades, primando pela excelência do ensino até a sua inserção no mercado de trabalho, com a defesa de suas prerrogativas.
As sucessivas gestões da OAB-PE demonstram o aumento da precarização do advogado. É necessária a mudança na gestão e de  paradigmas institucionais com urgência para o nascimento de uma nova Ordem. Precisamos da Ordem Para Todos. 
* Coordenadora do movimento A Ordem É Para Todos
Por Karla Álvares

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