domingo, 30 de agosto de 2015

Um pelo outro sem querer volta


Ao eleitor, ao menos por enquanto, resta dar um pelo outro  e não querer volta.
Quando o Lula declara não poder dizer se será ou não candidato à presidência da República, em  2018, na realidade está  dizendo que hoje, não seria. Amanhã, só se o vento virar. O ex-presidente tem consciência de que o PT, Dilma,  e ele próprio,  perderam a confiança nacional. Fossem as eleições na próxima semana e nem  o segundo lugar Lula  conquistaria, tamanha a rejeição popular causada pela lambança encenada no governo. Lançar-se para perder,  o primeiro-companheiro não admite. Prefere ficar entre o  triplex quase pronto no Guarujá, o sítio que frequenta bissextamente e uma ou  outra viagem ao exterior que as empreiteiras se arrisquem a proporcionar-lhe. Aceitará convites de sindicatos e  associações ligadas ao PT para sinalizar que está vivo, mas concorrer outra vez parece por enquanto  fora de seus planos.  Mesmo mantendo aberta uma fresta de janela, não arriscará.  Três anos e picos são muito tempo.

Se porventura afastada a hipótese de o ex-presidente concorrer, obviamente para não perder, importa menos saber  quem o PT convocará para o sacrifício, se Jacques Wagner, Aloísio Mercadante, Rui Falcão ou qualquer outro condenado  ao papel de figurante.  É para o  lado  de lá que as atenções devem  voltar-se.   Aécio Neves, Geraldo Alckmin ou  José Serra compõem um elenco sem surpresas, ainda que preparando-se  para embates violentos entre eles.  Correndo por fora, Marina Silva e,   outra vez posicionado,  Ciro Gomes. Do  lado oposto   da  cerca, Joaquim Barbosa, Sergio Moro, Rodrigo Janot e que novos modelos pouco ortodoxos poderiam ser pinçados?
De todo esse raciocínio sem maior expressão, conclui-se  pela ausência de um candidato capaz de despertar esperanças e expectativas, por razão muito simples: nenhum dos nomes referidos, a começar pelo Lula, dispõe de mensagem, programa ou contingente organizado  capaz de empolgar os eleitores.  Nada de novo no  front além de velhas trincheiras cavadas em árido terreno.   Partidos capengas e carentes de personalidade  misturam-se sem ensejar à  sociedade um rumo alternativo. Nada que empolgue ou aponte um saída para a  amorfa,  insossa e inodora realidade. Equivalem-se os candidatos pela falta de opções.

Ao eleitor, ao menos por enquanto, resta dar um pelo outro  e não querer volta. 
Carlos Chagas

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