O encontro da presidente Dilma Rousseff com o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, na noite de ontem, no Palácio da Alvorada,
ressalta o agravamento das crises política e econômica.
Há algumas semanas, Lula fez uma reaproximação pragmática com a
presidente para tentar ajudar Dilma a recuperar a governabilidade.
Nos bastidores, o ex-presidente Lula já vinha externando preocupação
com o afastamento do PMDB do Palácio do Planalto, especialmente com os
gestos do vice-presidente Michel Temer.
E, não por acaso, enquanto Lula jantava com Dilma no Alvorada, Temer
afirmava a empresários em São Paulo que é difícil Dilma resistir até o
fim do mandato com baixa popularidade.
De forma reservada, o vice já vinha reforçando essa posição. Para
interlocutores, ele tem afirmado que Dilma tem, no máximo, seis meses de
prazo para reverter a impopularidade e retomar o controle da situação.
No PMDB, a fala de Temer foi comemorada. A interpretação no partido é
que o vice oficializou o seu afastamento da presidente Dilma, abrindo
espaço para que a legenda vá para oposição até o final do ano.
Na economia, Lula tem sido um dos principais críticos do ministro da
Fazenda, Joaquim Levy. Em conversas com petistas, o ex-presidente tem
deixado claro que a insistência de Levy pela política de cortes vai
agravar ainda mais a recessão. Essa opinião é compartilhada por
ministros petistas. Mas, nesta quinta, Dilma teve que reforçar a posição
de Levy.
Outro ponto da preocupação da cúpula petista tem sido o desdobramento
da Operação Lava Jato. A revelação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da
UTC, que em delação premiada confirmou que pagou propina do esquema de
corrupção da Petrobras em forma de doações oficiais ao PT acendeu a luz
amarela no Palácio do Planalto e no PT.
Do Blog do Camarotti
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