sábado, 31 de outubro de 2015

Literatura de Cordel: "Saudades do Povoado"

Passei nas margens do rio
E fiquei entristecido
Ao perceber o estrago
E o porque do ocorrido
Sentei numa ribanceira,
E fiquei á tarde inteira,
Cabeça baixa á pensar;
E a mim me perguntando
Será que estou sonhando,
Ou tudo vai se acabar?

Ás águas estão baixando
Entulhos apareceu
Lamaçal tá se formando
Tudo de bom se perdeu.
Ás aves voam sem rumo,
E eu não me acostumo,
Com essa situação;
Pelos pensamentos meus,
Isso é castigo de Deus,
Pra quem maltrata á nação.

Nosso Lago era tão lindo
Parecia até o mar.
Muita gente estava vindo
Somente para olhar.
Nas margens uma fartura,
E a bela agricultura,
Esperança de riqueza;
Mas com á baixa das águas,
Somente tristeza e mágoas,
E o medo da pobreza.

Ás águas foram baixando
Lá dentro árvores sem vidas.
Tudo está se transformando
Numa cena dolorida.
Aquele belo cenário, 
Do antigo calendário,
Já não podemos mas vê;
Mesmo com o passar do tempo,
Ás imagens do momento, 
Jamais vou me esquecer.

Mas resta em mim ás lembranças
Daqueles tempos vividos.
Quando em minhas lembranças
Jamais serão esquecidos.
Nossa terra, nossa vida,
Daquela terra querida,
Ficará sempre á história;
Comigo vão sempre está,
E pra sempre vou guardar,
Gravado aqui na memória.








"Saudades do Povoado"

Petrolândia em Foco/Fotos: Tony Xavier






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