quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Petrolina e Juazeiro passam a viver fantasma de colapso d’água para projetos de irrigação e de cidades



O Comitê Gestor da Bacia do Rio São Francisco decidiu que não é hora de liberar, já a partir deste domingo, mais 100m³ da barragem de Três Marias, o que criou a possibilidade real de que, em dezembro, todo o complexo agroindustrial do Projeto Nilo Coelho, em Petrolina, e em Casa Nova (BA) possam ficar sem condições de captar água do Rio São Francisco. Prevaleceu a proposta de que, como deve chover em novembro e dezembro, a água afluente atenderá às necessidades do projeto.

No final da noite desta terça-feira, o senador Douglas Cintra (PTB-PE), informou que após conversar com o ministro Gilberto Ochhi, ficou acertado com a empresa que está instalando os flutuantes que ela colocaria o sistema em operação no do 15 de dezembro, antecipando a entrega do conjunto de captação emergencial.

Ele disse que conversou também com o presidente da Codevasf, Guilherme Gonçalves de Almeida, que disse ter consultado sua equipe e que há condições de que mesmo com a vazão de 500 m’/seg. o sistema do projeto Nilo Coelho poder captar água no Rio São Francisco por duas semanas de forma que não haverá suspensão do fornecimento de água para os produtores rurais. Pelo menos em tese.

É uma aposta firme em São Pedro, mas, segundo o senador Fernando Bezerra (PBS­PE), não dá para ficar só rezando. Ontem mesmo, ele acertou audiência numa das comissões do Senado para ouvir todo mundo: ANA, ONS, Codevasf e Chesf a partir desse fato: sem mais água de Três Marias, só resta à Chesf usar menos água em Sobradinho. Se a Cemig, que é dona de Três Marias, não aumenta a descarga de 500m³ para 600m³/seg, só resta a Sobradinho reduzir de 900m³ para 800m³/seg.


Só tem um problema: precisa combina com os russos. Ou melhor, combinar com os Estados da Bahia, Sergipe e Alagoas. É que isso, além de complicar a vida de Petrolina em Pernambuco, vai afetar diretamente o abastecimento de água de dezenas de cidades ao longo do “Velho Chico”. Hoje, elas só conseguem a buscar água para consumo humano com o São Francisco vertendo, pelo menos, 900m³/seg. Para reduzir a água de Sobradinho é preciso combinar com os três Estados que estão abaixo dela. Ou seja: a briga pela água disponível nos reservatórios do Nordeste, literalmente, começou entre cidades, governos, instituições e projetos agrícolas e as agroindustriais.

Codevasf mira no volume morto


A notícia de que a Cemig conseguiu prevalecer sua opinião de que precisa preservar o máximo possível de água na barragem de Três Marias assustou os produtores do Projeto Nilo Coelho. Mas os argumentos da Cemig são muito fortes. Entre o dia 1º e segunda-feira, o reservatório viu o volume útil cair de 21,89% para apenas a 15,17%. Além disso, não está entrando água na barragem: segunda-feira, à afluência foi de apenas 9m³/seg. Só entrou água mesmo no último dia 2, quando entraram na barragem 562m³/seg.

Segundo boletim do Distrito de Irrigação Nilo Coelho de ontem, Sobradinho tem hoje apenas 4,96% do seu volume útil. Ela que recebe 500 m³/seg de Três Marias e libera 900m³/seg. A Chesf acredita que, nessa tendência, Sobradinho seca em novembro. Testes estão sendo feitos para provar se depois disso ela ainda pode liberar até 0,7% do seu volume morto 


Publicado por Fernando Castilho/JC Negócios

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