quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A foto do Fora Cunha 3.0

Dezenas de pessoas protestam ao lado de um cartaz com a inscrição Fora Cunha. A foto parece atual, mas foi tirada em 1992. Os manifestantes pediam a saída de Eduardo Cunha da presidência da Telerj, antiga estatal de telefonia do Rio.
A gestão foi marcada por um escândalo de licitações viciadas para a produção de listas telefônicas. As concorrências eram regidas por "métodos da obscuridade", como definiu à época o colunista Janio de Freitas.
Cunha sobreviveu às denúncias e ao impeachment de Fernando Collor. Ainda conseguiu se agarrar à cadeira por sete meses, graças a articulações políticas e liminares judiciais. Foi um dos últimos "colloridos" a serem extirpados do governo por Itamar Franco, em abril de 1993.
Seis anos depois, Cunha reapareceu na presidência da Cehab, a companhia estadual de habitação do Rio. Havia ressurgido sob as asas do governador Anthony Garotinho, de quem hoje é inimigo. Sua gestão voltou a ser marcada por escândalos, dessa vez em licitações para a construção de casas populares.
Em março de 2000, o ex-governador Leonel Brizola lançou o segundo Fora Cunha, "devido à má gestão e também aos seus antecedentes". Garotinho resistiu, mas foi obrigado a afastar o aliado no mês seguinte.

Nesta quarta, surgiu a foto do Fora Cunha 3.0. A imagem mostra uma chuva de dólares caindo sobre o deputado, enquanto ele dava entrevista na Câmara. As cédulas eram falsas, diferentemente das que irrigaram as contas do deputado na Suíça.
O autor do protesto parece ter se inspirado no humorista Simon Brodkin. Em julho, o britânico lançou um maço de cédulas sobre a calva do então presidente da Fifa, Joseph Blatter, em outra entrevista coletiva em Zurique. A foto virou símbolo do escândalo de corrupção no futebol.
A exemplo de Cunha, Blatter fez de tudo para permanecer no cargo, do qual parecia ser inderrubável. Foi afastado no início de outubro, 78 dias depois do banho de dólares.
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo

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