segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Cânion de Xingó atrai turistas para Canindé de São Francisco

O Cânion de Xingó visto do atracadouro da Gruta do Talhado  (Foto: Flávio Antunes/G1)O município de Canindé de São Francisco, localizado a 213 km de Aracaju, no Alto Sertão sergipano, é o portão de entrada para quem deseja conhecer o Complexo Turístico de Xingó, que compreende os estados de Sergipe, Alagoas e Bahia. Diariamente, cerca de 1,5 mil turistas de diversos pontos do país realizam o passeio ao Cânion de Xingó, cartão de visitas da região e que projetou o município no mapa turístico do estado e do Brasil.

Toda esta projeção rendeu bons frutos e em 2011 foi cenário para a gravação da primeira fase da novela Cordel Encantado, da Rede Globo. Onde a história de amor entre Jesuíno, interpretado pelo ator Cauã Reymond, e Açucena, vivida por Bianca Bin, ganhou vida em meio à paisagem típica do Sertão, a caatinga, repleta de plantas fortes e rústicas que sobrevivem às altas temperaturas, e que apesar de toda sua aridez abrigam na maioria das vezes flores pequenas e delicadas.

Os catamarãs saem do Porto Karrancas rumo ao Cânion de Xingó (Foto: Flávio Antunes/G1)As terras que um dia foram percorridas e exploradas pelo bando de Lampião e Maria Bonita na era do Cangaço atualmente recebem milhares de turistas que chegam neste pedaço de Sergipe.

Este foi o sentimento que estimulou a aposentada Ilda Castilho, de 78 anos e sua filha Joseli Gitaci, de 58 anos, ambas da cidade de Caxias do Sul (RS), a escolherem Sergipe para passar as férias

“Ficava maravilhada quando via pela televisão toda essa beleza sergipana. E só de pensar que este lugar era aqui mesmo no Brasil, minha vontade de conhecer as terras de ‘Jesuíno e Açucena’ só aumentou. Além disso, a oportunidade de matar as saudades da minha neta Letícia, que há oito meses está morando em Aracaju, contribuiu ainda mais para arrumarmos as malas”, destacou Ilda.

Pelas águas do Velho Chico
O cenário natural formado pela vegetação da caatinga e toda a exuberância do Rio São Francisco pode ser acompanhado desde o início do passeio no Porto Karrancas, localizado no dique da barragem da Usina Hidroelétrica de Xingó, construída na década de 70, e que deu origem ao 5º maior cânion navegável do mundo.

O Cânion de Xingó visto do atracadouro da Gruta do Talhado  (Foto: Flávio Antunes/G1)O Cânion de Xingó é formado por um vale profundo, com 65 quilômetros de extensão, 170 metros de profundidade e largura que varia de 50 a 300 metros. É deste ponto que diariamente das 8h30 às 14h saem os catamarãs

De acordo com a Associação Brasileira das Agências de Viagens, A ABAV em Sergipe, corresponde a 70% da procura por passeios no estado. Em 2014, 120 mil turistas fizeram o roteiro que custa em média R$ 150 por pessoa.

Antes de zarpar, informações de segurança são passadas e demonstradas pela tripulação, como por exemplo, a utilização correta dos coletes salva-vidas. São 3 horas de navegação e durante o percurso formações rochosas de granito avermelhado e cinza se fazem imponentes ao longo dos 18 km rio adentro. As principais delas são: a Pedra do Gavião, o Morro dos Macacos, a Pedra do Japonês e o Paraíso do Talhado. A imensidão esverdeada das águas do "Velho Chico" contrasta com a paisagem rústica e encanta os visitantes.
Museu abriga mais de 9 mil anos de história do Vale de Xingó  (Foto: Flávio Antunes/G1)
Para não fugir às raízes, o ritmo quente do forró embala os turistas. Fazem parte do repertório os clássicos do "Rei do Baião" Luiz Gonzaga, canções de Alceu Valença e Raimundo Fagner, além de Gilberto Gil, Lenine, entre outros nomes da Música Popular Brasileira. Bebidas e petiscos completam a festa no catamarã.

Segundo o comandante Ivanilson, o Brasil passa por sua embarcação. “Todos os dias é essa animação que integra pessoas de diversos pontos do país. Para se ter uma idéia, hoje nos estamos recebendo turistas de Brasília, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Alagoas, Bahia, Pernambuco e Ceará. É uma satisfação muito grande poder transportar todos, e com segurança, o que é primordial em nosso trabalho”, enfatizou.

Após uma hora e meia de viagem, a embarcação chega à ‘Gruta do Talhado’, que surge através dos imensos paredões de pedra. Este é o momento onde os turistas podem então desfrutar do banho nas águas do Rio São Francisco, cheias de história e tradição, além de contemplar mais de perto os paredões de mais de 30 metros de altura. O mergulho neste ponto também impressiona, pois são aproximadamente 25 metros de profundidade. A tripulação disponibiliza coletes salva-vidas e materiais flutuantes, para que o relaxamento dos visitantes possa ser completo. Para as crianças, uma área reservada com um metro de profundidade garante a diversão dos pequenos com toda a segurança.

O casal Fábio Rosa, de 47 anos, e Berenice Melo, de 41, moram em Recife e pela primeira vez visitam Sergipe. “Estamos muito felizes em poder desfrutar de toda essa beleza, que prova definitivamente que Deus é brasileiro e nos abençoou com lugares tão incríveis como este. Sem falar da infraestrutura e a receptividade dos sergipanos, que nos receberam de braços abertos”, destacaram.

“Tinha visto fotos do cânion e fiquei com muita vontade de conhecer. Aqui de perto é ainda mais bonito e além das belezas naturais me encantei com a culinária nordestina. Provei de tudo e aprovei”, diverte-se o turista do Rio de Janeiro, Enízio.

“Sou sergipana, moro em São Cristóvão e estou encantada com as belezas naturais. É muito gratificante poder conhecer de perto das nossas riquezas culturais”, vibra a técnica em enfermagem, Denise Santos.

Arqueologia
Para completar o passeio, uma visita ao Museu de Arqueologia de Xingó (MAX), localizado na saída do Porto Karrancas, na estrada de acesso ao Centro do município de Canindé. Inaugurado em 2000, o espaço é mantido pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e preserva a cultura do Vale do Xingó. Com um acervo constituído por mais de 50 mil peças, o museu tornou-se uma das mais expressivas unidades no Nordeste do país.

Segundo Aline Nunes, o museu possui uma exposição fixa e espaço para mostras de curta
De acordo com a monitora Aline Nunes, o museu possui uma exposição fixa sobre arqueologia e um espaço reservado para exposições de curta duração.

“Neste período estamos com uma mostra fotográfica da artista Gilmara Eleutério de Castro, intitulada ‘Ascânio Castro – Um Olhar para o São Francisco’, onde ela faz uma homenagem ao pai, que assim como muitos ribeirinhos vivem da pesca na região. Este é um espaço cedido pelo museu para mostrar o talento sergipano aos nossos visitantes, que já são 121 mil desde a inauguração do MAX. Somente em outubro do ano passado tivemos 3 mil visitas, o número mais alto registrado em um único mês. Isso mostra o quanto Canindé está sendo descoberta pelos brasileiros”, revelou.

O Museu de Arqueologia de Sergipe está aberto à visitação de quarta a domingo, das 9h às 16h30. A entrada custa R$ 3 por pessoa, sendo que idosos pagam meia e estudantes de escolas públicas pagam R$ 1. Visitas em grupos devem ser agendadas através do telefone (79) 2105-6453 ou 2105-6448.

Do G1 SE-Fotos: Flávio Antunes/G1

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