quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

De cabeça raspada, Esteves usa cama de concreto e convive com ratos na cadeia


Preso há 12 dias durante os trabalhos Operação Lava Jato, que vasculha pagamentos de propina entre políticos, empreiteiras e a diretores da Petrobras, o banqueiro bilionário André Esteves está com novo visual e novos hábitos. Ele teve a cabeça raspada, usa uma cela com camas de concreto e tem a companhia de ratos, atraídos pelo aterro sanitário vizinho à prisão.
 
O banqueiro de 47 anos ainda é bilionário, mas tem que usar um sanitário sem porta estilo turco --ou "boi'', como chamado por detentos -- no famoso complexo penitenciário de Bangu, no subúrbio do Rio de Janeiro.
 
Do lado de fora, o cheiro das valas de esgoto se mistura com o aroma de terra batida e frituras que as mulheres compram para seus maridos presos de vendedores em frente ao presídio.
 
Do lado de dentro, o ex-presidente do conselho e ex-CEO do Grupo BTG Pactual, o maior banco de investimento independente da América Latina, toma banho com um sabão em barra, que se vindo de fora é cortado em fatias por guardas na revista em busca de contrabando.
 
A prisão de Esteves, junto com o encarceramento em junho do diretor do maior conglomerado de construção do Brasil, causou um sentimento de "bem feito para eles" em um país acostumado com a impunidade para os criminosos de colarinho branco.
 
Esses executivos simbolizam uma geração de líderes empresariais que fizeram negócios com o governo e lucraram com o boom que transformou o Brasil na maior economia em desenvolvimento depois da China.
 
A investigação de corrupção os obrigou a aguardar o julgamento atrás das grades, ajudou a mergulhar o país em uma recessão profunda e deixou a presidente Dilma Rousseff lutando pela própria sobrevivência política.
 
Antonio Carlos de Almeida Castro, ou Kakay, o advogado que representa Esteves, disse que a reação não é surpreendente. "Existe um ódio contra banqueiros", disse ele. Ele está confiante em relação ao seu cliente, que negou acusações de ter obstruído a investigação.
 
"Ele é um cara firmíssimo", disse Castro, "mas é claro que ninguém sendo inocente acorda normal em Bangu 8".

(Por Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)
Com Informações de Bloomberg Uol

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