Estava na redação do Comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados, que presidi eleito pelo voto direto, quando a televisão, que ficava ligada 24 horas, deu em edição extraordinária a morte do então ministro da Reforma Agrária, Marcos Freire. Aos 56 anos, Freire perdeu a vida no dia 8 de setembro de 1987, num acidente aéreo. O jatinho que o transportava de volta a Brasília caiu no sul do Pará, poucos minutos após a decolagem.
A bordo estavam também o secretário-geral do Ministério, Dirceu Pessoa; o presidente do Incra, José Eduardo Vieira Raduan; o secretário particular José Coelho Teixeira Cavalcanti e os assessores Amaury Teixeira Cavalcanti e Ivan Ribeiro, além do tenente-coronel aviador Wellington Rezende, o capitão aviador Jorge Shimonura e o 3º sargento Carlos Alberto da Silva. Ninguém escapou.
Além do impacto da morte do ex-ministro, o que mais repercutiu entre os colegas do Comitê de Imprensa foi o fato do jornalista pernambucano Geraldo Sobreira, então assessor de imprensa do ministro, ter entrado no avião e na hora do embarque, a pedido do ministro, saído para ceder sua a vaga a outra pessoa. Geraldinho, como era conhecido, nasceu de novo e foi objeto de uma reportagem no Fantástico.
Grande figura o Geraldinho, que ainda mora em Brasília. Na sucursal de O Globo, no Recife, ele era conhecido como o jornalista que cheirava o texto antes de enviar, via telex, para Brasília, porque usava óculos fundo de garrafa e revisava a matéria em papel colada ao nariz. Correu a versão de que o avião de Freire havia sido sabotado e que fora vítima de atentado.
O advogado Dorany Sampaio, presidente do PMDB, estranha o fato de o acidente não ter sido esclarecido até hoje. “Infelizmente, Marcos Freire morreu num acidente que até hoje não existe esclarecimentos convincentes”, observa. Dorany foi coordenador da área jurídica da campanha de Marcos Freire a governador em 82, quando perdeu para Roberto Magalhães.