Sertão Nordestino/Foto: Tony Xavier
Tony Xavier - O Poeta do povo
Estava eu a pensar
Como é a natureza
Decidi então andar
Pra vê de perto a beleza.
Num domingo logo cedo,
Atravessei um rochedo,
Todo cheio de emoção;
E ali vi coisas belas,
Mas também vi muitas delas,
De cortar o coração.
Ouvi pássaros cantando
Numa bela sinfonia,
O sol tava caminhando,
Era quase meio dia.
Animais ali andavam,
Sempre juntos caminhavam,
Me deixando curioso;
Ás nuvens colaboravam,
E assim proporcionavam,
Um clima bem mais gosto.
Depois de andar bastante
Decidi então parar
Pra descansar um instante,
Parei num pé de Juá.
E ali fiquei olhando,
E é claro, registrando
Tudo que presenciei;
Uma tal situação,
Mexeu com meu coração,
E emocionado chorei.
Sentado ali sozinho
Vi um pé de Faveleira
Destruído, sem espinhos,
A morte foi traiçoeira.
Pela seca dominado,
Foi traído, devorado
Semelhante ao um animal;
E em pó se transformando,
E cupins lhe devorando,
No meio do Matagal.
Repetindo a mesma cena,
Vi um pé de Juazeiro,
Novamente um dilema,
Pelo o tempo traiçoeiro.
Botei aquilo na mente,
E vi que iguais a gente,
Ás plantas podem sofrer;
Se não forem bem cuidadas,
Com carinho preservadas,
Como nós podem morrer.
Continuei a jornada,
Com dores no coração
E na longa caminhada,
A mesma situação.
Árvores no chão caídas,
Já sem folhas e sem vidas,
Só a carcaça no chão;
O meu coração relata,
O quanto a seca maltrata,
Ás árvores do Sertão.
Novamente ali parei
Muito triste a pensar,
Mais uma vez eu chorei,
Foi difícil suportar
Pedi pra que os animais,
No meio dos matagais,
Que Deus desse solução;
E que o tempo mudasse,
E que á chuva voltasse,
Novamente ao Sertão.
E quando a chuva voltar
Tudo vai ser diferente,
Passarinhos vão cantar,
Eu vou sorrir novamente.
Quero voltar no roçado,
E vê o barro molhado,
Animais matando a sede;
E eu ali no terreiro,
Debaixo do umbuzeiro,
Deitado em minha rede
Texto baseado na forte seca que assola o Sertão Nordestino
Blog Petrolândia em Foco
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