Um
maníaco ficou intrigado com a cifra dos desvios atribuídos à rede de
captação do ex-governador Sérgio Cabral. Ela chegaria a R$ 270 milhões.
Noutra vertente dos infortúnios do Rio, com suas petrorroubalheiras, o
comissário Pedro Barusco garfou e devolveu R$ 316 milhões. Já o doutor
Julio Faerman, operador de contratos com a Petrobras, acertou-se com a
Viúva entregando-lhe R$ 176 milhões. Somadas, as cifras desses três
doutores chegam a R$ 762 milhões.
O
maníaco foi atrás de saques anteriores e aprendeu que o Rio foi
depenado pela primeira vez em 1711, quando tinha 12 mil habitantes. Numa
manhã nevoenta de setembro, o corsário francês Duguay-Troin entrou na
baía com 17 navios, 740 peças de artilharia e 5.800 soldados. Uma semana
depois, o governador da capitania decidiu evacuar a cidade e
escafedeu-se. A soldadesca francesa saqueou casas abandonadas e o
corsário aceitou o pagamento de 610 mil cruzados, cem caixas de açúcar,
mais 200 bois para ir-se embora. Cada cruzado de ouro pesava um grama.
O
maníaco imaginou que Duguay-Troin teria chegado à França com o resgate e
derretido o butim, enterrando-o. Quem achasse hoje o tesouro do Rio de
Janeiro setecentista encontraria barras pesando 610 quilos, valendo R$
720,5 milhões na cotação de 2017.
Com
suas canetas, Cabral, Barusco e Faerman superaram a marca do corsário
do século 18, que precisou de 17 navios, 74 canhões e uma semana de
combates.
Francisco
de Castro Morais, o "Vaca", governador da capitania do Rio de Janeiro à
época do saque de Duguay-Trouin, foi preso e degredado para a Índia,
onde ficou por 30 anos.
Elio Gaspari - Folha de S.Paulo
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