Foto: Steen Ulrik Johannessen/AFP
A superfície da Terra muito provavelmente não aquecerá quatro ou cinco graus Celsius até 2100, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira que, se estiver correto, anula as piores previsões da ONU sobre as mudanças climáticas.
Um cálculo revisado de como os gases de efeito estufa aumentam a temperatura do planeta reduz a gama de possíveis cenários do final do século em mais de metade, disseram os pesquisadores no estudo, publicado na revista científica Nature.
"Nosso estudo quase exclui as sensibilidades climáticas muito baixas e muito altas", disse o autor principal, Peter Cox, professor da Universidade de Exeter.
O quão efetivamente o mundo reduz as emissões de CO2 e metano, melhora a eficiência energética e desenvolve tecnologias para remover o CO2 do ar determinará se a mudança climática permanecerá gerenciável ou se desencadeará um turbilhão de miséria humana.
Mas a incerteza sobre o quão quente o planeta ficará também decorre da incapacidade dos cientistas de responder uma pergunta muito simples: quanto a temperatura média da superfície da Terra aumentará se a quantidade de CO2 na atmosfera dobrar?
Essa medida é chamada de sensibilidade climática de equilíbrio (ECS) e, nos últimos 25 anos, o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) - a autoridade máxima em ciência climática - estabeleceu uma faixa de 1,5º C a 4,5º C.
Cox e colegas, usando uma nova metodologia, apresentaram uma faixa muito mais estreita: 2,2º C a 3,4º C, com uma melhor estimativa de 2,8º C.
Se correta, esta faixa exclui os cenários apocalípticos mais destrutivos.
"Esses cientistas produziram uma estimativa mais precisa de como o planeta responderá ao aumento dos níveis de CO2", disse Piers Forster, diretor do Priestley International Center for Climate da Universidade de Leeds.
Gabi Hegerl, cientista do clima da Universidade de Edimburgo, que, como Forster, não participou da pesquisa, acrescentou: "Ter uma menor probabilidade de sensibilidade muito alta é tranquilizador".
"Uma sensibilidade muito alta tornaria extremamente difícil limitar as mudanças climáticas de acordo com os objetivos de Paris", acrescentou.
Por AFP - Agence France-Presse
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