A Polícia Federal divulgou na tarde desta sexta a perícia dos sistemas Drousys e MyWebDay
O juiz Sergio Moro assinou despacho nesta sexta-feira (23) determinando nova perícia dos sistemas da Odebrecht, já em posse da Polícia Federal. O objetivo é identificar lançamentos e documentos que possam ter relação com a reforma de um sítio em Atibaia (SP), atribuído ao ex-presidente Lula. A análise deve ocorrer em prazo máximo de trinta dias.
A Polícia Federal divulgou na tarde desta sexta a perícia dos sistemas Drousys e MyWebDay, assim como respostas a questionamentos feitos pelo juízo, acusação e defesa sobre referências nos arquivos a um terreno que a Odebrecht teria adquirido para a construção do Instituto Lula, em São Paulo.
Em março de 2014, a Polícia Federal deflagra a Operação Lava Jato em seis Estados e no DF e o juiz Sergio Moro volta a ganhar projeção (ele já havia atuado no caso Banestado). Mais de 20 pedidos de prisão são expedidos. É preso o doleiro Alberto Youssef, suspeito de intermediar pagamento de propina entre empreiteiras, dirigentes da Petrobras.
Desta vez, Moro pede, em outra ação penal, que a perícia indique possíveis relações entre os arquivos encontrados nos sistemas e reformas de R$ 1,02 milhão no sítio, que teriam sido pagas pelas construtoras Odebrecht e OAS em benefício do ex-presidente.
Moro também solicita que os peritos verifiquem se documentos juntados aos autos deste processo encontram-se nos sistemas, assim como sua autenticidade. Entre eles, um anexo juntado pelo colaborador e engenheiro da Odebrecht, Emyr Diniz Costa Júnior, que sugere pagamentos do grupo para a reforma no sítio, supostamente retratados nos sistemas de contabilidade informal da empreiteira.
O juiz negou parcialmente pedido da defesa de Lula para ter acesso aos sistemas, liberando apenas transações que digam respeito ao sítio. "Franquear-lhe acesso ou cópia como pretendido colocaria em risco o sigilo e a eficácia de investigações em curso sobre outros crimes envolvendo outros agentes públicos supostamente beneficiados", escreveu.
Moro também negou pedido da defesa para ouvir Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht acusado de lavagem de dinheiro. "Se o ex-presidente custeou essas reformas ou se ressarciu das despesas os responsáveis pelas obras, isso pode ser facilmente provado pela defesa, até por documentos, não sendo necessário ouvir foragidos na Espanha para tanto."
No despacho, o juiz argumenta que Tacla Duran não é digno de credibilidade. "É certo que criminosos podem ser ouvidos em juízo (...) Mas, neste caso, normalmente após terem celebrado um acordo de colaboração e assumido o compromisso de dizer a verdade."
Ana Luiza Albuquerque – Folha de S.Paulo
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