terça-feira, 17 de março de 2020

Ciro: Bolsonaro atentou contra a saúde pública

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) criticou o presidente Jair Bolsonaro por este ter contrariado recomendações médicas sobre o coronavírus e ter participado de uma manifestação contra o congresso no último domingo. Para o ex-ministro, o presidente cometeu crime de responsabilidade ao atentar contra a saúde pública. No entanto, ele disse que não vê ambiente político no país para um eventual afastamento do presidente.
— Bolsonaro está extrapolando, atentar contra a saúde pública é crime de responsabilidade, atentar contra
a federação também. Mas hoje não me parece haver ambiente político para esse impedimento — afirmou Ciro Gomes, em entrevista nesta segunda-feira ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que pela primeira vez aconteceu por vídeoconferência e sem plateia, já que Gomes apresenta sintomas de resfriado.

— O presidente faz de conta de que o coronavírus, não é assim (grave). E, na contramão da ciência, ele desautoriza sua própria estrutura, o Ministério da Saúde, e vai confraternizar com populares incitados pela estupidez golpista.
O pedestista frisou que considera que impeachment não é remédio contra governo ruim. Ao tratar do tema, o ex-ministro lembrou do caso da ex-presidente Dilma Rousseff, a quem classificou como "uma pessoa honrada" que fez um governo desastrado. Ainda assim, ele defendeu Dilma e disse que o motivo que a afastou, como o caso das pedaladas fiscais, foi uma "fraude jurídica". 
Para o ex-ministro, Bolsonaro deveria buscar soluções para conter a disseminação da doença em vez de apoiar uma manifestação contra as instituições. Ele acredita que com esses gestos o presidente pretende testar os "limites" da democracia:
— Essa é a grande tragédia brasileira: nós temos um irresponsável na presidência, um completo despreparado, excitando a população contra as instituições — disse.
Como de costume, o ex-ministro manteve seu estilo de confronto e disparou ataques contra ex-aliados como o PT e Lula, além de adversários que estão no atual governo como os ministros Sergio Moro e Augusto Heleno. Questionado sobre se sentia arrependimento por não ter apoiado na última eleição o então candidato Fernando Haddad (PT-SP) contra Bolsonaro, Gomes disse que sua decisão foi correta e que criou uma alternativa de governo numa futura eleição. Como já fez em outras entrevistas, voltou a atribuir a ascensão de Bolsonaro ao poder aos escândalos de corrupção dos governos do PT.

— Existiria o bolsonarismo boçal, golpista, se não fosse o lulopetismo? — indagou o ex-ministro. 
Ao tratar sobre o caso do motim da polícia no Ceará e o episódio em que sei irmão Cid Gomes levou dois tiros no mês passado, o ex-ministro voltou a atribuir o caso ação de milícias que, segundo ele, são instigadas por Bolsonaro e respaldadas por Moro que, em suas palavras, "traiu a toga". Ele defendeu a atitude de Cid, que avançou com uma retroescavadeira contra os manifestantes e alegou que o ato ocorreu em "legítima defesa".
Num gesto teatral ao encarar a câmera, ainda mandou um recado com uma provocação contra o presidente :
— Bolsonaro, tu e teus generais pijama, te mete para ver como a gente vai te encarar.
Ele também classificou como uma "decepção" o ministro chefe do Gabinete Institucional (GSI) da presidência, o general Augusto Heleno, que, daria apoio as palavras de Eduardo Bolsonaro sobre a possibilidade de um novo AI-5, o período mais duro do regime do golpe militar e considerado uma carta branca para que o governo pudesse punir como bem entendesse seus opositores.
— Ele (Heleno) está costeando o alambrado do fascismo.
Ciro também voltou a fazer acusações em razão da investigação do Ministério Público por rachadinha contra o senador Flávio Bolsonaro. Afirmou que Bolsonaro mantinha 6 funcionários fantasmas em seu gabinete quando este era deputado federal. No entanto, não apresentou provas das acusações, mas afirmou que poderiam ser verificadas por meio de recibos nos arquivos da Câmara dos Deputados.
Por O Globo

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