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Em um período de 16 dias, o presidente Jair Bolsonaro fez três pronunciamentos simbólicos durante a crise do coronavírus. Nos dois primeiros, ele foi do tom irônico, referindo-se à Covid-19 como "gripezinha ou resfriadinho", ao reconhecimento da gravidade da situação –"estamos diante do maior desafio da nossa geração", disse, no segundo discurso, em 31 de março.
Nesta quarta (8), o discurso foi dominado por assuntos que também estiveram presentes nos outros: críticas ao isolamento social e o potencial da cloroquina no tratamento de pacientes.*Veja uma comparação entre os três momentos.
PRONUNCIAMENTO DE 24.MAR (5MIN23S)
Elogios ao ministro da SaúdeAntes de entrar em choque com o titular da pasta e avaliar demiti-lo, o presidente chegou a elogiar Luiz Henrique Mandetta no pronunciamento. "Nosso ministro da Saúde reuniu-se com quase todos os secretários de Saúde dos estados para que o planejamento estratégico de enfrentamento ao vírus fosse construído e, desde então, o doutor Henrique Mandetta vem desempenhando um excelente trabalho de esclarecimento e preparação do SUS para atendimento de possíveis vítimas"
Ataques à imprensa
Jair Bolsonaro afirmou que o governo colocou em prática o plano de combate à pandemia "quase contra tudo e contra todos", incluindo a imprensa. "Grande parte dos meios de comunicação foi na contramão. Espalharam exatamente a sensação de pavor, tendo como carro-chefe o anúncio do grande número de vítimas na Itália [então epicentro da pandemia]
Volta à normalidade
Temendo o efeito da paralisação das atividades na economia, o presidente defendeu -e segue defendendo- que "nossa vida tem que continuar", o que vai contra a recomendação dos órgãos de saúde. "Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemo, sim, voltar à normalidade", afirmou. Bolsonaro criticou, ainda, governadores e prefeitos por impor quarentenas. "Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa"
Tese do isolamento vertical
Começa a ganhar força, na administração da crise pelo governo, o que Bolsonaro chama de isolamento vertical, ou seja, o confinamento apenas de grupos de risco. No pronunciamento, o chefe do Executivo se opôs ao cancelamento de aulas, por exemplo. "O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs, com menos de 40 anos de idade. Noventa por cento de nós não teremos qualquer manifestação, caso se contamine.
Tom irônico