quinta-feira, 18 de junho de 2015

Em Carpina, PE, lixão põe em risco saúde dos moradores

O município de Carpina, na Zona da Mata Norte do estado, tem 100 mil habitantes. No canavial do Sítio Três Paus, a cinco minutos do centro da cidade, fica o lixão - o local para onde é levada toda a sujeira. De acordo com os catadores, no local há também animais mortos e lixo hospitalar. Como mostrou o NETV 1ª Edição desta quinta-feira (18), a sujeira é tanta que a estrada rural do lugar desapareceu.

A montanha de lixo fica perto de uma vila, mas não há proteção para os moradores do local. O mau cheiro é forte e o lixo traz riscos à saúde e ao meio ambiente do lugar. De acordo com um dos catadores, a máquina da prefeitura quebrou e agora o lixo também fica espalhado pela estrada. "Essa máquina vive quebrada, ela empurra esse lixo", explica o catador José Roberto da Costa. Como a máquina não funciona, o lixo fica no meio da estrada.


Estudantes também reclamam que precisam passar pelo meio do lixo para pegar o ônibus escolar que passa no local. "Antes do lixo bloquear a saída, o ônibus passava por aqui até a frente da igreja", comenta o estudante Otávio de Oliveira. Otávio gravou as crianças passando pelo lixão e enviou o vídeo para o Whatsapp da Rede Globo.

Entre o lixo, há animais mortos, restos de comida e também lixo hospitalar. Há várias seringas que são descartadas de forma inadequada e acabam ferindo os catadores. Um deles já chegou a encontrar pedaços de um caixão. "De vez em quando chega um caixão, até osso de gente chega aqui. Ninguém toma providências", reclama o catador José Severino.

De acordo com o secretário de obras de Carpina, Preto do Ipsep, há um projeto para construir uma estação de reciclagem na cidade, em conjunto com outros municípios da região. No entanto, não há previsão de quando as obras devem começar. "Carpina não tem ainda condições de ter um aterro sanitário", comenta o secretário. Enquanto isso, serão providenciadas luvas e botas para os catadores.

Preto do Ipsep afirma também que o lixo vai continuar sendo colocado no local, com exceção do lixo hospitalar. Ele comenta que uma empresa ganhou uma licitação para recolher o lixo hospitalar da cidade. "Eu não tenho esse conhecimento de que estão colocando aqui [o lixo hospitalar]. A partir de hoje vou estar mais preocupado, porque isso não é lugar de lixo hospitalar", diz.

Termo de ajustamento de conduta
Em agosto de 2010 foi sancionda uma lei federal que determina ações para acabar com os lixões em todo o Brasil, construindo aterros sanitários. Segundo a lei, os municípios também têm que implantar a coleta seletiva e a reciclagem. Das 184 cidades de Pernambuco, 108 assinaram o termo de ajustamento de conduta para se adequar à lei.


De acordo com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), órgão responsável pela fiscalização do cumprimento da norma no estado, o município de Carpina assinou o documento. "O município está cumprindo esse conjunto de medidas, mas esse cumprimento se dá de forma às vezes lenta", afirma o coordenador das promotorias de Meio Ambiente do MPPE, André Menezes.

Menezes aponta, no entanto, que o município está descumprindo algumas determinações do termo de ajustamento. "Resíduo hospitalar, resto de caixão, carcaça de animais, por exemplo, isso tudo já constitui uma irregularidade que o termo de ajustamento de conduta proíbe. Esses tipos de resíduos não devem ir para um aterro sanitário, devem ser destinados para aterros especificamente preparados para receber esse tipo de resíduos", completa.

Do G1 PE
Blog de Tony Xavier

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