Petrolâdia PE- cidade submersa/Foto: assiramalho.com.br
Deus criou o universo
Com o seu poder divino
Fez o homem e a natureza
Fez do vento o nosso hino
Deu poder e liberdade,
Pra nascer uma cidade,
Para o povo nordestino
Petrolândia o seu nome
Que também foi Jatobá
Nossa pequena cidade
Começava engatinhar
Ainda tão acanhada,
Mas por todos já amada,
Nem sonhava em brilhar.
Sem prédios nem muros altos
Sem palácios ou mansão
Tudo na simplicidade
Igual á população.
Mas uma bela cidade,
Que sem ter modernidade,
Nasceu em nosso sertão.
Ás margens do velho chico
Nosso rio abençoado
Pertinho de uma montanha
Nosso povo foi criado.
Um lugar maravilhoso,
De clima muito gostoso,
E um povo muito animado.
Ruas compridas e largas
De fácil locomoção
Gente e carros trafegavam
Sem ter preocupação.
Aquela tranquilidade,
Fazia aquela cidade,
Ser nossa maior paixão.
O Comércio era modesto
Não havia novidades
Mas todos se acostumavam
Com a tal realidade.
Ninguém vivia no luxo,
Apenas enchiam o bucho,
E tinham felicidades.
Cada detalhe dali
Eu não consigo esquecer
Ás vezes nos pensamentos
Eu consigo reviver.
Da cidade, do lugar,
Onde eu pude encontrar,
Felicidade e prazer.
Lembro o cine São Francisco
Pertinho daquela praça
Parece até que foi ontem
Pra mim o tempo não passa.
Vou lembrar a vida inteira,
Das águas da cachoeira,
Subindo ingual fumaça.
Com ás lembranças batendo
Ferindo o meu coração
Meus olhos enchendo d'agua
Por conta desta emoção.
Vejo á realidade,
Mas morrendo de saudades,
Daquela velha estação.
Á sombra do tamarindo
Quantas lembraças me trás
Do Abrigo Estudantil
Eu não esqueço jamais.
Eu não me esqueço do dia,
Que senti tanta alegria,
Por ter visitado o Cás.
Quantas vezes fui á jogos
No estádio 'O Hiltão'
Assistir ao Independente
Lá naquele poeirão.
Quando eu vinha embora,
Eu tomava Coca Cola,
No Abrigo São João.
Lá na loja Pop Discos
E também no 'Nordestão'
Sempre fiz ás minhas compras
Na maior animação.
Era sempre animado,
Posto Shell e 'Bode Assado',
Tomei pinga com limão.
Lá no clube 'Piçarrinhas'
Eu também pude andar
Campo de aviação
Lembro ainda o lugar.
Meu coração se agita,
Quando lembro da Havilita,
Dá vontade de chorar.
Lá no 'Serrote do Padre'
Fiz a minha oração
Todos os anos eu ia
Sexta-feira da paixão.
Toda aquela caminhada,
Sempre era esperada,
Pois já era tradição.
Bem no centro da cidade
Sempre era uma alegria
Naquelas tardes mais quentes
Ia á sorveteria
e nas manhãs bem cedinho,
Na 'Bodega de Pedrinho',
Eu ia todos os dias.
Petrolândia era assim,
Quando tudo começou
Quem conheceu á cidade
Tenho certeza que amou.
E daquela realidade,
Eu sei que levas saudades,
Em qualquer lugar que for.
Ás festas do padroeiro
Eram muito animadas
Nosso povo pelas ruas
Nas noites enluaradas.
Era uma maravilha,
Vê sempre toda família,
Naquela festa encantada.
O carinho era recíproco
Com toda população
Ás famílias reunidas
No momento de oração.
Dava gosto de se vê,
Todos com grande prazer,
E amor no coração.
Mas por conta de um projeto
Para gerar energia
O povo de Petrolândia,
Começava uma agonia.
Uma triste decisão,
Pra todos da região,
Acabava á alegria.
Nossa bela Petrolândia,
Teria os dias contados.
Nosso povo tão humilde
Ficaram desesperados.
Mas não havia outro jeito,
Tudo tinha que ser feito,
Já estava confirmado.
Pra os lados de Itaparica
Lá naquela região
Fizeram uma barragem
Pra iluminar o sertão.
E com tanta crueldade,
Inundaram á cidade,
Que todos tinham paixão.
O nosso povo querido
Choraram de tanta dor
Petrolândia, tão querida
Nas águas se afogou.
Foi um destino ingrato,
E aquele povo pacato,
De muito triste chorou.
Onde antes foi cidade
Ás águas fez moradia
Onde hoje é tristeza
Antes era alegria.
E o tempo vai passando,
E o povão suportando,
Saudades todos os dias.
Mas não há tempo capaz
De apagar á nossa história
Muito menos destruir
Nosso passado de glórias.
E todos os bons momentos,
Ficarão nos pensamentos,
Gravado em nossa memória.
Igreja do Sagrado Coração de Jesus - Povoado de Barreiras
Submersa ás águas do velho chico - (Foto: assisramalho.com.br)
Eterna Petrolândia
Poema de Tony Xavier
Petrolândia em Foco
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