sábado, 13 de maio de 2017

Nosso sacrificado rio São Francisco tem a vazão reduzida mais uma vez


Lago de Itaparica, em Petrolândia, em outubro de 2014, com o nível das águas muito baixo (Fotos: Tony Xavier)


Canal de alimentação da Estação de Bombeamento da Agrovila 01 do Bloco 01, em outubro de 2014

A Agência Nacional de Águas (ANA) anunciou no início deste mês que a vazão dos reservatórios de Sobradinho (BA) e Xingó (AL) será reduzida para 600 metros cúbicos por segundo (m³/s) até 30 de novembro. Segundo a resolução da ANA, caso seja identificado comprometimento aos usos ou usuários na bacia do São Francisco durante a vazões reduzidas de Sobradinho e Xingó, a descarga desses reservatórios deverá ser elevada para o patamar de vazão anteriormente praticado.

A vazão proposta é menos de metade do que foi determinado no início das sucessivas reduções, que era de 1.300 metros cúbicos por segundo. E assim, desde 2013, os sertanejos estão assistindo à agonia do rio São Francisco, um rio que morre de sede e se arrasta a pulso sobre o leito.

Este blog foi criado no início de outubro de 2014 e, naquela época, a represa de Itaparica, nosso belo Lago de Itaparica, estava secando rapidamente e chegou a descobrir locais que nunca tinham aparecido das águas, depois que o reservatório da Usina de Itaparica encheu.

Quem viu este rio com suas cheias e vazantes não se acostuma com esta nova realidade, que deveria ser momentânea, mas já virou permanente. Nosso rio corria valente e vigoroso de Minas Gerais ao Oceano Atlântico, chegava ainda caudaloso à foz, entre Alagoas e Sergipe, e hoje é isso, um fiapo de água comparado ao que já foi.

Será que a culpa é somente da chuva que não chove para encher o rio? Às vezes, fico pensando se isso é verdade. Conheço esse rio desde que eu nasci, passei minha infância e adolescência dentro desse rio, e lembro que a seca não existe desde hoje, sempre existiu. Mas a seca sendo prolongada ou não, o rio sempre corria e a gente sabia que ele voltar a encher. Parece que agora, cheio de barragens, é preciso mais água para enchê-lo do que quando era livre e corria à vontade.

Não sou doutor em nada, mas sou um sertanejo observador. Durante a passagem de todos esses anos, da velha Petrolândia até hoje, vejo que transformaram meu sagrado São Francisco em uma bacia furada, que não sustenta mais água ou gastam muito mais do água do que tem para encher a bacia.

O segundo semestre deste ano de 2017, de acordo com as previsões dos doutores do tempo e da energia, vai ser ruim de novo. Já estou com medo do que vai sofrer o nosso Lago de Itaparica e o nosso povo, outra vez, quando as águas começarem a secar novamente, por culpa da chuva pouca ou da muita gastança da água.

Petrolândia em Foco

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