A força da correnteza era tão grande que arrancou placas de cimento e pedaços das calçadas. Foto: Gustavo Amorim/Esp.EM e Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
Quando o céu escureceu e a tarde belo-horizontina virou noite, ontem, muita gente já temia outro temporal, mas ninguém conseguiria imaginar a dimensão da tempestade que se abateu sobre a capital e parte da região metropolitana, provocando morte, ferimentos e prejuízos em série. A inundação do Córrego Cachoeirinha na Avenida Bernardo Vasconcelos, com reflexos sobre a vizinha Cristiano Machado pegou, de surpresa, uma equipe de resgate: os socorristas tiveram de ser socorridos.
A força da correnteza era tão grande que arrancou placas de cimento e pedaços das calçadas. Carros também foram arrastados. Pessoas buscavam abrigos em pontos altos. Bombeiros, agentes de trânsito, policiais, guardas municipais e agentes da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) tentavam salvar quem passava por apuros e ordenar o tráfego, para que a fileira de veículos escapasse das áreas alagadas.
Foi em meio a esse caos que a viatura USB-2321, do Samu, foi arrastada pela enxurrada. Os quatro tripulantes, cuja função é a de salvar vidas, se viram impotentes. “O carro estava flutuando, sendo levado pela correnteza. Ficamos sem saber o que fazer, muito preocupados, porque víamos carros com água pelo teto. Só nos restou abrir a janela de trás e pedir socorro”, conta a técnica em enfermagem Gersimeire Neves. A abertura da janela foi a senha para que o vistoriador da Comdec Marcelo Costa se arriscasse com seus companheiros na correnteza de água vermelha. Ele colocou a técnica sobre os ombros e atravessou a avenida até um ponto seguro. “Ele me salvou”, disse Gersimeire, emocionada.
Marcelo Costa estava entre os agentes que prestavam socorro para ocupantes de veículos totalmente submersos na avenida. “Quando constatei que os tripulantes ainda estavam dentro da viatura, nossa preocupação foi apenas de ajudar a eles e também de recolher equipamentos, para que não se perdessem”, conta. Ele explica que o socorro que prestou a Gersimeire foi o mais delicado, porque ela estava muito nervosa. “Não tivemos condições de usar cordas ou boias, fomos caminhando no meio da correnteza. Depois, a coloquei nas costas e consegui levá-la até um ponto seco e seguro”, lembra.
Por: Estado de Minas
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